Por mais que sejamos bombardeados pela expressão sustentabilidade, produtos verdes, consumo sustentável, etc, etc, etc, surpreendentemente apenas 10% das empresas do mundo estão engajadas e trazendo para a sua agenda de negócios o tema da sustentabilidade. A declaração foi dada hoje, na CBN, pela secretária executiva da Global Compact no Brasil, Yolanda Cerqueira Leite. (Ouça aqui a íntegra da entrevista). A Global Compact é uma iniciativa para empresas que estão comprometidas em alinhar suas operações e estratégias com dez princípios universalmente aceitos nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. (Veja site em inglês e em português).
O curioso é que como pesquisadora da área, observo uma crescente valorização dos atributos VERDE, SUSTENTÁVEL, ECOLÓGICO, LIVRE DE CARBONO (CARBON FREE) na comunicação corporativa, seja ela de produtos ou institucional. Supermercados são bons exemplos do crescimento desta presença de novos valores vinculados à sustentabilidade, desde a questão das sacolinhas plásticas passando pelos orgânicos, produtos de limpeza e até instalações. Ao mesmo tempo, noto um aumento da pressão por parte de algumas corporações para a adoção da sustentabilidade como um valor fundamental para os negócios. Mas pela entrevista da secretária executiva da Global Compact, esta realidade atinge uma pequena parcela do mundo empresarial. Não vou questionar aspectos como os que Yolanda Leite aponta: se não houver uma preocupação com o uso dos recursos naturais, no futuro não haverá negócios (e nem empresas). O que me chamou a atenção na notícia foi constatar que todo o com o esforço de construção de identidade através da incorporação de atributos verdes no fundo a maioria das empresas parece estar embarcando nesta "nova onda" e se limitando a praticar greenwashing.
A propósito: ontem foi o Dia Mundial do Meio Ambiente. O Governo Federal lançou um pacote verde, que, entre outras medidas, cria duas unidades de conservação, uma no Paraná, para proteção da mata atlântica, e outra no Rio Grande do Norte, para preservação da caatinga e de cavidades naturais subterrâneas. Há ainda um decreto estabelecendo diretrizes de desenvolvimento sustentável nas contratações e compras efetuadas pelos órgãos da administração federal. Muitos estão reclamando que o pacote foi tímido e de pouco alcance. Hoje as compras do governo equivalem a cerca de 16% do Produto Interno Bruto. Em 2010, este valor chegou a quase R$ 70 bilhões. Se de fato as diretrizes sustentáveis forem seguidas pelo Executivo Federal, podemos ver uma transformação de grande impacto. A conferir.
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