terça-feira, 3 de agosto de 2010

Quando o chumbo invade o batom

A maioria dos cosméticos que utilizamos diariamente está contaminada com toxinas capazes de causar diversos problemas de saúde, como câncer, dificuldade de aprendizado e até infertilidade masculina. O alerta está no vídeo The Story of Cosmetics, lançado no final de julho pelo projeto The Story of Stuff, que já produziu outros documentários no mesmo estilo (A História das Coisas, A História da Água  e a História do Comércio de Emissões - Cap & Trade, que podem ser conferidos no site do projeto).  A apresentadora Annie Leonard afirma que o uso contínuo de cosméticos está adoecendo toda a sociedade. 

Annie levanta pontos importantes referentes ao processo de decisão de compra do consumidor, mostrando os tipos de argumento que as empresas usam para atrair e estimular o consumo de determinados cosméticos.
O vídeo provocou reações como a proposição por alguns deputados de uma lei dos cosméticos seguros, que substituirá a atual legislação que já tem 70 anos, e dará autoridade à agência norte-americana FDA para garantir que o produtos de higiene pessoal estarão livres de ingredientes perigosos à saúde.

The Story of Cosmetics também foi chamado de "shockumentary", pelo Conselho de Produtos de Uso Pessoal. Shockumentary é um tipo de gênero de filmes documentais, algumas vezes parecidos com documentários de ficção, representando temas e cenas sensacionalistas

Confira abaixo o vídeo completo, com legendas em português. Ainda não há tradução oficial do vídeo.


The Story of Cosmetics (Português) from Guilherme Machado on Vimeo.


Enquanto assistimos ao vídeo, uma pergunta fica no ar: e no Brasil?

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A ONU declarou 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. Agora em agosto, algumas empresas decidiram se organizar para criar o Movimento Empresarial pela Proteção e Uso Sustentavel da Biodiversidade. A iniciativa, que reúne as empresas Alcoa, Natura, Vale, CPFL Energia e Wal Mart, pretende criar um ambiente para o desenvolvimento da biodiversidade. O evento, a ser realizado na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, no dia 5 de agosto, contará com a presença, dentre outras autoridades e lideranças, da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Está previsto ainda o lançamento da Carta Empresarial pela Proteção e Uso Sustentável de Biodiversidade.
Além da cerimônia em si, é momento de discutir o que estas empresas entendem como biodiversidade e, mais especificamente, "ambiente propício para seu desenvolvimento".

Seis peças de roupa ou menos?

Não comprar nenhuma peça de roupa durante um ano inteiro ou usar apenas seis itens, ou menos, dos que já fazem parte do seu armário durante um mês. É o desafio “Seis peças ou menos”, lançada na internet por duas amigas americanas e que já tem aderência de cerca de cem pessoas espalhadas por diversos países.

Segundo Heidi Hackemer, uma das idealizadoras do projeto, o objetivo é “aguçar a criatividade das pessoas, para que invistam em acessórios e em outras maneiras de usar a mesma peça e, ao mesmo tempo, economizar dinheiro”.

“O importante é que as pessoas que aderiram à iniciativa levantaram a questão de como elas se relacionam com o que tem no armário e o que se ganha com isso”, afirma Eric Wilson, jornalista que entrevistou os participantes. “Elas destacaram que há uma preocupação com o que se gasta com roupas e o que se ganha com isso. O resultado dessa ‘dieta’ é que as pessoas vão ficar mais conscientes a respeito da forma com que se compram roupas”.

E você? Consegue escolher apenas seis peças do seu armário para usar durante 30 dias? Acesse o site, faça seu cadastro e conte sua experiência para consumidores do todo o mundo.

Clique aqui para assistir à reportagem feita pelo jornal americano New York Times sobre esta iniciativa e ver como Heidi conseguiu vencer esse desafio.

Fonte: Instituto Akatu

Copa de 2014 e Olimpíadas vão incorporar conceito da sustentabilidade

Se a sustentabilidade está em praticamente todas as peças institucionais de comunicação e nos eventos corporativos, não seria de se esperar que fosse diferente em relação à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016. O Brasil tentará aliar o tema a estes eventos esportivos. O Coordenador da Câmara Temática Nacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Ministério do Esporte, Claudio Langone, declarou recentemente ao Meio&Mensagem que o Brasil viverá um momento ímpar com a realização da Copa, das Olimpíadas e como país sede da Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em 2012.
"São oportunidades de o Brasil se apresentar para o mundo e o desafio é que esses esforços sejam cumulativos. A Copa será o primeiro evento sob vigência do novo regime climático global, que é mais exigente. A inovação tecnológica do País e o apelo pela preservação da Amazônia são desafios de uma agenda de sustentabilidade", disse ele ao jornal.
Resta verificar se o conceito entrará apenas como apelo de comunicação ou se terá realmente raízes na produção dos eventos.

Problemas com o blogger

Depois de algum tempo sem postar nada aqui no blog, estou tentando manter uma regularidade nas postagens. O que não falta é assunto, já que sustentabilidade é um daqueles conceitos guardachuva, que abriga várias possibilidades de sentido, mas ultimamente minha dificuldade é de outra ordem: o blogger. Não sei o que aconteceu, mas ele mudou a ordem dos gadgets no site, e este novo modelo que escolhi complicou mais ainda as coisas...
Enfim, vou tentar superar isso aos poucos!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Branding com Objetivo Social e transparência

Branding voltada para objetivos sociais (também conhecido como marketing de causa) será a próxima onda da diferenciação das empresas no mundo disputado do consumo. Isso porque ela fornece uma ligação emocional com a marca mais forte que a abordagem tradicional.
Esta é a opinião de Joe Sibilia, fundador e CEO da Meadowbrook Lane Capital (MBLC) , descrito pelo The Wall Street Journal como um "banco de investimento socialmente responsável". Ele é também o CEO da CSRwire.com , um serviço de notícias de responsabilidade social que distribui e arquivos sobre responsabilidade social / sustentabilidade notícias para jornalistas, analistas, investidores ativistas, acadêmicos, relações públicas e relações com investidores no mundo profissional.

Para ele, o Branding com Objetivo Social  não será uma divisão do departamento de marketing: para ser sustentável, deve estar embutido em cada aspecto do modelo de negócio, já que o consumidor da próxima geração vai premiar a transparência e autenticidade.

Transparência ainda é um grande ponto nevrálgico nas organizações, estejam elas já na era de pensar a sustentabilidade ou ainda procurando formas de se sustentar.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Marketing verde e greenwashing

 
O texto abaixo foi publicado originalmente em 9/7/2009, no site O ECO, escrito pelo catarinense Germano Woehl Jr, doutor em física pela UNICAMP, Pesquisador Titular do Instituto de Estudos Avançados, em São José dos Campos (SP) e ativista na defesa da Mata Atlântica através do Instituto Rã-bugio.
 
 

Desenho que foi premiado em um concurso promovido nas escolas públicas por uma empresa do setor florestal. Faz parte de uma cartilha de educação ambiental que a empresa distribui nas escolas.

Uma diretora de escola pública contou-me que a data que ela mais detesta é o Dia do Meio Ambiente. "As aulas são interrompidas para os alunos assistirem peças de teatro fajutas que a empresa traz de fora", justificou, muito irritada.

O que mais me surpreendeu foi uma outra diretora revelar que os alunos de sua escola já foram obrigados a se deslocarem quase  200 quilômetros até a sede de uma empresa do "setor florestal" para um evento extremamente chato no Dia do Meio Ambiente, sendo que o fretamento dos ônibus e demais despesas da viagem teve que ser bancada pela Secretaria de Educação do município, que é muito pobre, cujo orçamento para a área de Educação, como se pode imaginar, é sempre muito minguado.

Os dois casos acima são de municípios que tiveram quase todo seu território coberto por reflorestamento de pinus e eucalipto de empresas do "setor florestal". A indignação dos diretores e professores se justifica quando se folheia as cartilhas de "educação ambiental" que estas empresas distribuem nas escolas.

O desenho abaixo foi extraído de uma destas cartilhas, que menciona tratar-se do desenho selecionado através de um concurso promovido nas escolas no evento do dia da árvore. Reparem que já naquela época (2001) o aluno representou perfeitamente a mata ciliar de apenas cinco metros, redução que está em conformidade com o "Código Ambiental" de Santa Catarina, aprovado há poucas semanas. Mas o desenho vencedor do concurso não foi este. É o que está na imagem no topo deste artigo e não deixa dúvidas sobre quais são os objetivos destas empresas.

Desenho extraído de uma cartilha de uma empresa do setor florestal. Infelizmente é um retrato fiel da paisagem.

Esta cartilha não foi a pior que eu vi. Tem uma outra, também de uma empresa do "setor florestal", que conta uma história da amizade entre um menino e uma árvore. Logo no início, o menino reclama que está com muito frio e a árvore responde para ele cortar seus galhos secos e acender uma fogueira para se aquecer (para desespero dos diretores dos parques nacionais e do pessoal do previ-fogo do Ibama).

A historinha da cartilha de "educação ambiental" vai se desenvolvendo com a amiga árvore atendendo todos os desejos de consumo do menino (barco, casa, móveis...), mas sempre cedendo suas partes é claro. O curioso é que mesmo após ser derrubada e serrada, a árvore, ou melhor, suas tábuas continuam conversando com o menino. As paredes da casa conversam, bem como o casco do barco, a cama, mesa, cadeiras, carteira da escola... até os cadernos!

Estas empresas do setor florestal não são as únicas que utilizam as escolas para fazer marketing verde fortemente subsidiado com recursos públicos das prefeituras. Mas todas elas têm algo em comum: um tremendo passivo ambiental. Há casos de empresas que entram só com a idéia de projeto, daqueles bem manjados e sem nenhuma eficácia. Tudo é bancado pela prefeitura. É uma forma de parceria muito esquisita.

Os professores e diretores das escolas estão cada vez mais atentos a estas investidas das empresas e já começam a se rebelar e questionar estes abusos contra o ensino público. Eles percebem quando estão sendo usados apenas para o marketing verde de empresas. Mas são ameaçados e até demitidos, no caso de professores temporários e diretores. Conheço o caso de uma diretora de escola municipal que perdeu o cargo por este motivo.

O que deixou muitos professores perplexo no ano passado foi terem recebido uma advertência das esferas superiores de que eram obrigados a participarem do prêmio anual de uma grande empresa. Isto ocorreu logo após a primeira reunião com os representantes da empresa, quando nenhum professor compareceu. Tiveram que participar na marra.

Mas não são apenas os diretores de escolas e professores que odeiam as datas comemorativas relacionadas com o meio ambiente. Nos últimos anos não temos mais conseguido espaço nos jornais nestas datas, justamente devido a esta competição com os eventos oportunistas das empresas.

Mesmo com projetos inovadores de larga escala feitos com critérios científicos, sob a orientação de especialistas das melhores universidades do Brasil e do exterior, não conseguimos competir, por exemplo, com eventos pontuais de distribuição de mudas de espécies árvores exóticas ou o projeto de educação ambiental de outra empresa que deu um prêmio de R$ 500 para uma escola pela "criatividade" de reaproveitar o lixo, transformando uma caixa de papelão na forma de um computador, agregando tintas e outros materiais tóxicos. Ou seja, a caixa de papelão que poderia ser reciclada entregando-a limpinha para um catador agora vai para o lixo comum impregnada de produtos tóxicos. Este projeto da empresa ganhou destaque na edição estadual do maior jornal de Santa Catarina.

Quando a gente vê a edição impressa do jornal, com anúncios grandes e coloridos da empresa poluidora (com processos por vários crimes ambientais) em quase todas as páginas dá para entender tudo. Nossa esperança é a Internet, como o site O Eco.

Certa vez, ganhei um manual de comunicação para ONGs com uma dica para aproveitar bem as datas comemorativas para divulgar as ações em prol da sociedade, pois a imprensa costuma dar espaço para o trabalho desenvolvido pelas ONGs nestas datas. Acho que eles só esqueceram de alertar que no manual de comunicação do departamento de marketing das empresas também tem dicas parecidas e que elas inventam qualquer coisa, partem para o vale tudo, para ocupar este espaço.

É claro que nem todas as empresas agem assim. Temos muitos exemplos de empresas que realmente são responsáveis com o meio ambiente e que contribuem significativamente com a causa ambiental, fortalecendo as ONGs ambientalistas e também realizando projetos sérios de educação ambiental diretamente com as escolas.

Muitas empresas estão também se esforçando para melhorarem sua conduta ambiental e além de se adequarem à legislação ambiental investem recursos financeiros nos projetos das escolas e não apenas nos anúncios publicitários com utilização das prefeituras para executarem as "idéias".

Aos poucos estamos construindo uma sociedade mais ética, cada vez mais crítica e consciente dos problemas ambientais. A geração que está vindo aí será bem melhor do que a nossa e certamente não vai aceitar mais o marketing verde enganoso de empresas e tampouco os meios de comunicação que propagam isso. E quem não mudar já tem data para fechar.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Congresso debate a comunicação para a sustentabilidade


Perto de 1.000 executivos que atuam em comunicação corporativa vão se reunir, entre os dias 25 e 28 de maio de 2010, no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, para a realização do Congresso Mega Brasil de Comunicação 2010, cujo tema central será "Pactos e Impactos da Comunicação para um Planeta Sustentável". São jornalistas, relações públicas e profissionais de áreas afins vindos de todas as regiões brasileiras, num público integrado majoritariamente por mulheres.

O encontro é fruto da união de dois eventos – o Congresso Brasileiro de Comunicação Corporativa e o Congresso Brasileiro de Comunicação no Serviço Público –, aos quais se soma agora o conteúdo do Congresso Brasileiro de Comunicação Digital. Por essa razão, ele já está sendo chamado de "congresso três em um".

Estão previstas, no total, quase 70 atividades, das quais 12 conferências (cinco delas internacionais), 40 palestras temáticas (duas delas internacionais), cinco workshops, cinco encontros setoriais da área pública, um curso sobre mídias digitais e um painel final com o melhor do Congresso. Estão programados também o lançamento do Anuário Brasileiro das Agências de Comunicação e a Expo Comunicação e a entrega do Prêmio Personalidade da Comunicação, que homenageará o jornalista e empresário J. Hawilla, proprietário da Traffic, da Rede TV Tem, afiliada da Globo no interior de São Paulo, da Rede Bom Dia de Jornais, também no interior paulista, e do jornal Diário de S.Paulo.

O evento será aberto pelo ministro Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, que vai falar sobre "A Comunicação Digital e Seu Impacto na Sociedade e no Jornalismo", e terá a participação do ministro Miguel Jorge, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a quem caberá falar sobre "Jornalistas e Fontes – O Valor da Reputação". Entre as várias palestras sobre o tema da sustentabilidade estarão as do publicitário Nizan Guanaes, de José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da General Motors do Brasil, de Nick Ashooh, vice-presidente de Assuntos Institucionais da Alcoa (EUA), de Fabiano Lima, da Philips, de Júnea Sá Fortes, da Iveco, e de Paulo Pianez, do Carrefour.

SERVIÇO
O quê:
Congresso Mega Brasil de Comunicação 2010;
Data: De 25 e 28 de maio de 2010;
Local: Centro de Convenções Rebouças;
Endereço: Avenida Rebouças, 600, Pinheiros – São Paulo (SP);
Informações e inscrições: Pelo site www.megabrasil.com.br, pelo telefone (11) 5576-5600 ou pelo e-mail eventos@megabrasil.com.br;
Custo: A inscrição custa R$ 920,00, até o dia 2 de maio. Profissionais de empresas associadas ao Instituto Ethos têm 10% de desconto.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Não basta falar.... tem que fazer


O fato é que campanhas de marketing do "fazer o bem" não são mais efetivas. Uma empresa que se declara ser "sustentável" ou "responsável", garante que é verdadeiramente empenhada em fazer o bem e se mantém responsável pelos resultados.
 
Comentando: ou seja, não basta anunciar que é do bem, tem que realmente agir desta forma, em toda a sua cadeia produtiva - o que inclui fornecedores, consumidores, comunidades locais, e principalmente, empregados.
 
Manter-se responsável pelos resultados é, de longe, o mais difícil de ser cumprido. Vale uma reflexão por todas as empresas que nos últimos tempos têm se apressado a se autoproclamarem sustentáveis, socialmente responsáveis, etc.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Dia da Terra faz 40 anos

Nesta quinta, 22 de abril, comemora-se em todo o mundo o Dia da Terra. A data chega aos 40 anos depois de começar nos Estados Unidos como um movimento que misturava educação, atividades e celebração. Muitos consideram que o evento, que chegou a reunir 20 milhões de americanos em 1970, foi o marco inicial do movimento ecológico. Mais desta história pode ser conferido aqui.

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Em 22 de abril comemora-se também o Descobrimento do Brasil. Foi nessa data, no ano de 1500, que os marinheiros de uma frota portuguesa, sob o comando do capitão Pedro Álvares Cabral, avistaram um monte, que chamaram de Pascoal, no litoral sul do atual Estado da Bahia. Isso aconteceu depois de atravessarem o oceano Atlântico durante cerca de 40 dias, sem saber com certeza o que iriam encontrar aqui.
 
A curiosidade de as duas datas coincidirem nos faz pensar se não está na hora de "descobrirmos" que existe uma outra forma de tratar a Terra.
 

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Natureza como limite da economia

 

Discutir quais são os limites para o crescimento, frente à imperiosa necessidade de respeita o meio ambiente. Este é o tema do debate que acontece no dia 19 de abril, às 15h, no auditório do Instituto de Estudos Avançados (IEA), da Universidade de São Paulo (USP),  O evento contará com a participação de Andrei Cechin, José Eli da Veiga e Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp. Na ocasião, serão lançados dois livros que aprofundam esta discussão.

O primeiro deles é Economia Socioambiental, organizado por José Eli da Veiga, que debate os critérios utilizados no Brasil para tratar questões socioambientais. O outro é A Natureza Como Limite da Economia – a Contribuição de Nicholas Georgescu-Roegen, de Andrei Cechin. A obra resgata a vida e o pensamento do economista Georgescu-Roegen, para quem é impossível manter os atuais níveis de crescimento sem que as futuras gerações arquem com os ônus da irresponsabilidade, sendo necessário que a economia não só deixe de crescer, mas que em algum momento passe a decrescer.

A sede do IEA fica na Rua da Reitoria (antiga Travessa J), 374, na Cidade Universitária, em São Paulo. O evento será transmitido ao vivo pela internet no endereço www.iea.usp.br/aovivo.

Mais informações podem ser obtidas com Inês Iwashita, pelo e-mail ineshita@usp.br ou pelo telefone (11) 3091-1685.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Jornalismo de frases de efeito

No programa de rádio do Observatório da Imprensa de hoje, 13/4, Luciano Martins Costa comentou como jornais noticiaram o evento sobre economia de baixo carbono realizado em São Paulo, para o qual Marina Silva foi convidada:

 

A ex-ministra do Meio Ambiente e pré-candidata à Presidência da República, senadora Marina Silva, foi a convidada principal do seminário sobre economia de baixo carbono, organizado pela revista CartaCapital em São Paulo, na segunda-feira (12/4). Os jornais de terça-feira registram o evento apenas para destacar opiniões da senadora sobre a disputa eleitoral.

Marina Silva disse entre outras coisas que, sem Lula na disputa, a campanha será um confronto de candidatos carrancudos – e a imprensa gostou da frase. A senadora disse muito mais do que isso, e os outros participantes também ofereceram farto material sobre a questão do desenvolvimento sustentável, que deveria estar no centro dos debates eleitorais. Mas os jornais parecem estar interessados apenas em frases de efeito.

Uma das informações oferecidas aos presentes dá conta do crescente interesse da imprensa brasileira pelo tema da preservação ambiental. A ex-ministra informou, por exemplo, que em 2003, quando ela assumiu o cargo, sua assessoria coletava nos jornais uma média de catorze notícias sobre a questão ambiental por dia. Hoje, a imprensa brasileira publica diariamente pelo menos uma centena de notas e reportagens sobre o assunto.

O detalhe, que nenhum dos participantes se animou a comentar, continua sendo a qualidade desse noticiário. Pela baixa repercussão que o evento produziu nos jornais do dia seguinte, pode-se concluir que a imprensa ainda não entendeu que o desafio ambiental é a grande notícia neste início do século 21.

Rio joga 2 mil toneladas de lixo no esgoto

As chuvas torrenciais que acometeram o Rio de Janeiro na semana passada trouxeram à tona incompetência e insensibilidade administrativa dos diversos governos que já passaram por este Estado. Mas não dá pra negar que os fluminenses também têm sua parcela de contribuição. Um recente levantamento da Cedae mostrou que num período de um ano 2 mil toneladas de lixo foram retiraradas da rede de esgoto estadual. Já foram encontrados celulares, fraldas descartáveis, cotonetes, canivetes, preservativos e até boneca inflável. O presidente do órgão, Wagner Viceter, chama a atenção para o mau hábito do consumidor, que usa o vaso sanitário como lixeira. Esta prática contribui para entupir a tubulação. Curiosamente, as regiões do Rio de Janeiro mais afetadas pela prática são as áreas de melhor poder aquisitivo - Zona Sul, Barra da Tijuca e Centro - o que demonstra que nem sempre educação está associada ao padrão de renda.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Alguém acredita no seu relatório de Sustentabilidade?

Alguém acredita no seu relatório de Sustentabilidade?  

Pesquisa aponta que em grande parte dos relatórios as empresas falham na verificação das informações

A maioria dos dados climáticos e de sustentabilidade relatados por algumas das maiores empresas do mundo sofre com a falta de credibilidade. Isso porque em grande parte destes relatórios as empresas falham na verificação das informações. Uma consultoria britânica pesquisou 350 empresas do índice inglês FTSE em suas práticas de divulgação, descobrindo que apenas 75 delas publicaram algum tipo de garantia para mostrar que a informação havia sido verificada. Destas, apenas 62 foram baseadas em alguma norma de garantia reconhecida e executada por um terceiro, segundo o estudo.

Os investidores clamam por uma forma de comparar a credibilidade da vasta gama de relatórios não-financeiros publicados pelas empresas em suas carteiras, particularmente para as emissões de gases do efeito estufa (GEEs). Por este motivo, o Departamento Britânico, o Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (DEFRA) e um grupo de sociedades, incluindo o Barclays, BP, BAT, CII, a SAP e o Grupo BPR, passaram a patrocinar essa pesquisa. A maioria das empresas não verificou seus inventários de emissões GEEs. Apenas 38 fizeram, enquanto 7 abordaram os critérios de reporte de carbono e apenas 2 declararam claramente ter seguido um padrão.

Um problema generalizado enfrentado pela indústria é a falta de padronização dos modelos de acreditação, criando confusão para os investidores sobre quem possui mais credibilidade: painéis de stakeholders, declarações de auditoria interna, apoio de celebridades ou de terceiros independentes.

"À medida que a Grã-Bretanha se dirige à sua meta de redução das emissões de carbono em 80% até 2050, precisamos da credibilidade e sustentabilidade dos dados de carbono", diz Ben Murray, diretor da Carbon Smart, a empresa-mãe do Smart Consulting, iniciativa que conduziu o estudo. "Atualmente não temos isso", completa ele.

O State of Green Business 2010 ecoa resultados semelhantes.  A iniciativa analisou as práticas de divulgação do índice Standard and Poor"s 500. Apenas 7,6% dos relatórios da S&P 500 procuraram terceiros para a verificação de seus dados ambientais, em comparação com a média global de 23% e a taxa europeia de 30%.

As empresas precisam de um modelo com os componentes recomendados para um processo de verificação robusto e seguro, além da verificação para ajudar a acelerar a prática. "A confiabilidade das emissões e outros dados de alterações climáticas é cada vez mais importante, assim como as questões em torno das alterações climáticas cada vez mais relevantes para as empresas e investidores", disse Nigel Topping, Gerente de Desenvolvimento do Carbon Disclosure Project, entidade de base de dados sobre as mudanças climáticas.

Fonte: Agenda Sustentável (http://www.agendasustentavel.com.br)

HSM Online
31/03/2010