segunda-feira, 18 de junho de 2012

Mercado de crédito de carbono é 3 mil vezes maior que fundos públicos de desenvolvimento sustentável

Enquanto a criação de um fundo global para o desenvolvimento sustentável continua sendo um ponto não equacionado entre os negociadores do Rascunho Zero, texto que será entregue no dia 20 aos chefes de Estado presentes na Rio +20, o mercado de crédito de carbono funciona a todo vapor.  Segundo um levantamento da ONG Transparency International, em 2010, os fundos públicos mundiais destinaram cerca de US$ 5 bilhões para projetos de mitigação ou adaptação de impactos das mudanças climáticas. No mesmo período, o mercado de crédito de carbono movimentou US$ 142 bilhões, uma diferença de quase 3.000%.

A diferença entre os dois valores nos mostra um aspecto pouco comentado pela mídia: os governos não investem em projetos voltados para o desenvolvimento sustentável (ou o fazem de forma muito incipiente), mas o mercado já encontrou uma forma de negociar (e lucrar) com a sustentabilidade. 

Os dados foram apresentados hoje, dia 18, no 1º Seminário de Monitoramento do Financiamento Climático, promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) , em conjunto com a Transparency International e com o apoio da ESPM/RJ. O evento, que compõe a agenda paralela da Rio+20, contou com a presença de Bruno Andrade, coordenador do Programa para a Integridade em Governança Climática e projetos da Transparencia Mexicana (ligada à Transparency International) e da economista Amyra El Khalili, veterana do mercado de futuro e de capitais. 


O objetivo do seminário foi incentivar jornalistas a ir além da superfície e acompanhar com mais atenção um campo que vem crescendo, o do financiamento climático, principalmente o relacionamento com os créditos de carbono. Um tipo de investimento apontado por muitos como a comercialização do direito de poluir.


Em tempos de Rio+20, muito mais que esgotar a pauta do dia, acompanhar as discussões, noticiar as marchas nossas de cada dia - mulheres seminuas, índios, estudantes, ambientalistas - aos jornalistas compete  aprofundar o questionamento: fazer perguntas e não se conformar com as respostas apressadas e simplistas. 


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