Falando na abertura do Fórum Exame de Energia, em São Paulo, nesta segunda, 21 de novembro, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, criticou organizações não governamentais e estrangeiros que contestam a obra e afirmou que há um "conluio de ignorância e má-fé" contra a usina. O ministro não quis comentar diretamente sobre o Gota D'água, que já arrecadou cerca de 1 milhão de assinaturas numa petição online contra Belo Monte. O detalhe é que o vídeo não é veiculado nos meios de comunicação tradicionais, mas pelas redes sociais na internet.
Segundo Lobão, o Consórcio Norte Energia, responsável pela obra da usina, está produzindo um vídeo com informações atualizadas sobre o projeto para esclarecer a população. O consórcio mantém um blog, "Por que Belo Monte", e, evitando críticas diretas aos movimentos populares contrários à hidrelétrica, publicou em 22 de novembro um post afirmando que o debate sobre a importância da usina pede mais subsídios. Na página estão disponíveis vários vídeos com informações sobre a obra.
A visibilidade conquistada pelo Movimento Gota D'Água se apóia fortemente na presença de atores famosos, que de maneira simples e direta vão da indiferença ao questionamento, terminando por conclamar o espectador a se mobilizar.
Muito antes da produção desta peça, porém, outras vozes já apresentavam denúncias, como o Movimento Xingu Vivo para Sempre, um coletivo de organizações e movimentos sociais e ambientalistas da região de Altamira e das áreas afetadas pelo projeto que historicamente se opõem à instalação de Belo Monte no rio Xingu.
Sem querer desmerecer a discussão sobre a necessidade ou viabilidade da construção de Belo Monte, um debate que sem dúvida é importante e deve envolver a sociedade brasileira, chamo a atenção para as ferramentas que a polêmica vem lançando mão. Mesmo que jornais e televisões incluam o assunto em seus noticiários, a esfera pública do questionamento e da argumentação adotou novas linguagens e formatos - o videoclip - e novos meios - as redes sociais. A verificar, ainda, a capacidade desta mobilização virtual de transformar o real. Ou melhor: o quanto as imagens e sons que circulam na internet têm energia para deter as obras da maior hidrelétrica do mundo.
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