terça-feira, 27 de março de 2012

O Tao da Física no Brasil

Frijtof Capra
No finalzinho da minha adolescência, depois de passar o Ensino Médio (que na época se chamava Segundo Grau) odiando Física, li um livro que me fez começar a descobrir como são tênues as fronteiras entre as ciências e os saberes: O Tao da Física, escrito pelo físico Frijtof Capra. (O livro é de 1975, mas até hoje continua valendo a leitura e a polêmica - ele defende que Física e Metafísica levam inexoravelmente ao mesmo conhecimento).

Ao longo destes quase 40 anos, desde a publicação de O Tao, Capra ampliou sua visão sistêmica, o que o aproximou exatamente da sustentabilidade. Sua teoria dos sistemas vivos, que estão em conexão e se relacionam como um fator adicional importante para a formação do todo, fornece um quadro teórico importante para a ecologia. Para conhecer mais, vale acessar o site do físico e pensador.

Pois nesta quarta, 28/3, Frijtof Capra estará no Rio de Janeiro, falando num evento patrocinado por um banco, cujo tema será o Brasil como líder de um modelo de desenvolvimento economicamente viável, ambientalmente equilibrado e socialmente justo.

Segundo a organização do evento, Capra trará exemplos práticos de aplicação do conceito de crescimento qualitativo e mostrará como a alfabetização ecológica e a nova ciência da complexidade podem contribuir para esse processo. Alfabetização ecológica é o objetivo da escola que ele fundou e dirige em Berkeley, na Califórnia.

Além do físico, o evento contará com a participação do jornalista Ricardo Voltolini, especializado em sustentabilidade, e do fundador da consultoria Amana-Key, Oscar Motomura.

O evento é gratuito, mas as inscrições já se encerraram. O jeito é acompanhar a transmissão online, a partir das 18h40min, acessando este link: http://sustentabilidade.santander.com.br/default.aspx.

Estarão disponíveis dos links, um com captação do áudio em inglês e outro com a tradução simultânea para o português.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Estimulando uso do transporte coletivo

Agora que o Ecad voltou atrás na sua cobrança absurda de direitos autorais sobre blogueiros que postam vídeos, me animei a mostrar aqui uma campanha inteligente para estimular o uso de transporte coletivo.
Foi desenvolvida para a empresa De Lijn, da Bélgica, que engloba ônibus e trens urbanos.




Veja mais no link: http://www.delijn.be/over/campagnes/imagocampagne.htm

Claro que por mais bonitinha e criativa que seja uma propaganda, ela não valerá muito (especialmente do ponto de vista da comunicação para a sustentabilidade) se o produto ou serviço em questão não tiver qualidade, oferta compatível com as necessidades da população,  disponibilidade, acesso, etc.
Ou seja, autoridades, metrô carioca, trens urbanos e ônibus municipais: para que a mobilidade no Rio flua e deixe de ser um castigo para os que precisam se deslocar pela cidade, não é o caso de somente centrar esforços em campanhas de estímulo ao uso do transporte coletivo. É preciso, e muito, repensar a qualidade do transporte público.
Isso é ser realmente uma cidade sustentável. O resto, é só marketing eleitoreiro.

terça-feira, 6 de março de 2012

O que dá sentido a um relatório de sustentabilidade?

Contexto. Isto é o que dá sentido a um relatório de sustentabilidade. A afirmação é da fundadora e presidente da consultoria norte-americana em sustentabilidade  Strategic Sustainability Consulting, Jennifer Woofter, para quem a empresa não pode simplesmente relatar o que fez. Ela deve também reportar o que as ações relatadas representam na comunidade local, na indústria e no mundo de um modo geral. A consultora reforça que não é mais suficiente julgar o sucesso de iniciativas sociais e ambientais usando indicadores como "horas gastas treinando empregados" - para falar de segurança no trabalho, "litros de água consumidos" - a respeito de uso de recursos naturais, ou "milhares de dólares doados" - relacionando a filantropia ou investimento social privado. "Estes indicadores não dizem realmente sobre a efetividade de um programa ou do seu impacto relativo (positivo ou negativo)", destaca Woofter.
Embora reconheça que introduzir o contexto num relatório de sustentabilidade é uma das tarefas mais difíceis no processo, ela é fundamental para que as informações tenham sentido e não sejam apenas oportunidade de greenwashing.
Neste momento do ano, em que muitas empresas começam a preparar seus relatórios anuais e de sustentabilidade (ou já estão até em meio à tarefa de construção destes documentos), vale a pena pensar no objetivo destas peças. Não apenas no objetivo de comunicação, mas principalmente no aspecto estratégico que deve envolver sua produção.
Para isso, uma boa leitura é o post Em ano de Rio+20 o verde lava mais branco, do Leonardo Sakamoto. 
Ainda que ouçamos diariamente que sustentabilidade não é uma moda, é uma tendência; que está no DNA das organizações, etc, etc, nunca é demais pensar que sustentabilidade implica pensar o modelo de produção e não apenas divulgar fatos.  E isso significa observar a empresa, sua atuação, sua presença, no seu relacionamento com seus diversos públicos. Ou seja, trocando em miúdos: analisar de verdade seu impacto dentro de um contexto.
Divulgar vários números difíceis de checar, publicar fotos tecnicamente perfeitas e esteticamente comoventes, realizar ações de lançamento eficientes, ser presença em diversas mídias sociais não basta para fazer de um relatório um instrumento de transparência e de real construção da sustentabilidade.