Ser socialmente responsável está muito além de ter ações pontuais voltadas para a comunidade, um belo relatório no final de ano e algumas mensagens para os principais stakeholders. Na verdade, mesmo empresas que possuem programas estruturados de responsabilidade social, daqueles com metas e resultados quantificados, podem engasgar quando o assunto envolve a publicidade de seus produtos.
Um bom exemplo para esta discussão é o caso da indústria de alimentos. Várias das grandes do setor já desenvolvem ações de responsabilidade social, muitas das quais premiadas e reconhecidas. Mas ainda falta repensar a questão da sua propaganda, voltada basicamente para o público infantil, se valendo de estratégias de marketing que colocam em questão as atitudes responsáveis da empresa.
Quase 80% dos pais considera a propaganda de alimentos prejudicial aos filhos, apontou uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha para a ONG Instituto Alana, uma ONG que luta há anos pela aprovação de uma legislação mais dura para a publicidade dirigida às crianças. A existência de uma publicidade voltada para um público em formação, que usa e abusa do lúdico, do fantástico e de temas do universo de meninos e meninas é um fator que dificulta a formação de hábitos alimentares saudáveis - os quais terão um impacto por toda a vida adulta do indivíduo.
Qual a responsabilidade das empresas produtoras dos alimentos neste processo? Ela acaba quando o produto está disponível na prateleira? Ou ela deve envolver não apenas a cadeia de produção mas também o questionamento do próprio produto e de sua utilização?
E como ficam as agências de propaganda e os demais envolvidos na criação de propagandas para a venda de alimentos?
Quem quer ser responsável (e, além disso, sustentável) tem que ir muito além de incorporar a palavra SOCIAL em seus documentos internos e em seus veículos de comunicação.
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