quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Declaração infeliz evidencia quão longe estamos da sustentabilidade

foto O Globo - 28/12/2011
"Sustentabilidade não quer dizer que não vão ter coisas que poluem". A frase, dita ontem, 28 de dezembro, pelo prefeito do Rio Eduardo Paes, e publicada na edição do jornal O Globo de hoje, 29 de dezembro, foi forte o suficiente para me fazer postar aqui um comentário.
O  reveillon 2011 no Rio de Janeiro está cercado pela polêmica a respeito do uso do nitrato de bário, um produto químico altamente poluente, que seria o responsável pela cor verde dos fogos de artifício que marcam a virado do ano. Para esta edição, os organizadores da já tradicional queima de fogos querem iniciar a festa com uma cascata de fotos verdes, marcando a contagem regressiva para a Rio +20, proclamando o evento como Reveillon da Sustentabilidade. (Leia mais sobre o assunto aqui, aqui e aqui.)
Sobre este assunto, muitos blogs já estão se pronunciando e a Prefeitura do Rio garante que vai neutralizar a poluição e que toda a emissão de carbono será neutralizada com plantio de mudas em torno do Rio Guandu. Mas o que me chamou a atenção e não poderia deixar 2011 terminar sem destacar o fato foi justamente a fala do prefeito carioca - "Sustentabilidade não quer dizer que não vão ter coisas que poluem". Qual seria então a definição de sustentabilidade para o prefeito?
Infelizmente parece que vamos entrar em 2012 sem ter aprendido nada com 2011. O que quer dizer realmente sustentabilidade? Uma moda? Uma onda colorida? Uma estratégia de marketing eleitoreira? Usar fogos verdes parece ser um exemplo gritante de greenwashing - literalmente.
Que o ano seja realmente novo - não apenas em dias, mas principalmente em conceitos e atitudes.
Até 2012!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

2012....

Dezembro foi um mês muito atarefado, muito trabalho (o que é bom!) mas pouco tempo, especialmente para o blog (o que não é nem de longe tão bom assim).
Muitas coisas aconteceram nesses últimos dias, na área de Sustentabilidade, Responsabilidade Social e Comunicação: tivemos a COP-17, o vazamento da Chevron (e nos últimos dias, o vazamento de óleo do navio-plataforma Cidade São Paulo, da empresa Modec, na Baía da Ilha Grande, na Costa Verde Fluminense). 


Tivemos ampla cobertura dos dois primeiros assuntos, e uma cobertura já meio morna do último, principalmente em função da época do ano. Fazer jornalismo próximo a datas festivas é sempre um desafio, especialmente quando os temas envolvem questões relacionadas com sustentabilidade, já que a grande maioria da população está muito mais envolvida com preparativos para comemoração do que para ler denúncias e reportagens envolvendo meio ambiente e questões sociais.
Sustentabilidade na Comunicação também não foge deste quadro.... E entra em ritmo de festa até 2012, quando retorna com novos posts sobre RS e mídia.... 

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Qual será a atuação da sociedade civil na Rio +20?

Ainda que as previsões mais otimistas apontem que a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20, conseguirá fechar acordos mais efetivos e encontrar respostas para as questões pendentes na COP-17, encerrada no último sábado em Durban, Africa do Sul, ainda persistem muitas dúvidas sobre o evento.

Afora o desconhecimento de grande parte da população sobre o que vem a ser a Rio+20 - desconhecimento existente até entre os anfitriões da conferência - é preciso também encontrar caminhos para que a sociedade civil possa fazer sua voz ser ouvida.

O Grupo de Trabalho Rio (GT-Rio) do Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20 está organizando o II Encontro de Formação e Mobilização para a Rio+20. Uma oportunidade de entender os assuntos em discussão e as propostas da sociedade civil para uma sociedade com justiça social e ambiental. 


PS: Sustentabilidade na Comunicação está devendo uma análise do noticiário em torno da COP-17. O tempo anda escasso, mas o tema está na agenda. Assim que der escrevo um post!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

COP 17 pode desaguar (e desandar) na Rio +20

Os impasses em torno da Convenção do Clima, na reunião de Durban (a COP 17), parecem apontar para um aumento das expectativas em torno da Rio +20. Ignorando a urgência por ações imediatas, os grandes emissores - Brasil aí incluído - defendem que um novo acordo só seja implementado a partir de 2020, e não mais após 2012. A China anunciou que poderá aderir a um acordo com metas de redução de suas emissões de gases-estufa (O Globo, 3/12/2011). Há muitas dúvidas sobre a renovação do Protocolo de Kyoto e um grande pessimismo em torno dos acordos climáticos na COP 17. Sem solução à vista, o remédio seria "adiar para a Rio +20". Ou, em bom português, empurrar com a barriga.

Um texto bastante interessante sobre o assunto foi publicado pelo Estado de São Paulo na sexta, 02/12/2011. Escrito pelo jornalista Washington Novaes, um dos primeiros a realizar reportagens sobre temas ambientais no Brasil, o artigo merece a leitura exatamente porque levanta questões sobre a efetividade de Durban e até mesmo sobre o que se pode esperar em relação à Rio +20. (Clique aqui para ler o artigo).

A velha prática de resolver amanhã o que se deveria fazer hoje pode no fundo apenas dissimular que, no que se refere às questões ambientais, existe uma complexa teia de interesses econômicos, políticos e empresariais.

Com este quadro, o que podemos mesmo esperar da Rio +20?