segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Chegamos aos 7 bilhões... e agora?!?!?!?!

Exatamente hoje chegamos à marca dos 7 bilhões de habitantes.... Como alimentar esta população sem aumentar a desertificação? Como ter água para dar contas das necessidades de consumo direto deste número? Como construir cidades e grupamentos humanos que abriguem estas pessoas e ao mesmo tempo respeitem a natureza? Como produzir roupas, utensílios, eletrodomésticos, estradas, transportes, livros, computadores, etc, etc, etc, sem com isso aumentar a emissão de carbono e o efeito estufa?
São perguntas que não têm resposta direta e fácil, mas exigem de todos nós esforços para encontrar soluções que envolvam também a rediscussão da produção e não apenas a acusação simplista do consumo. É necessário ter em mente que o consumo é apenas uma das fases do processo da produção, e por isso não basta fazer compras conscientes ou deixar de usar sacolas plásticas, ainda que estas sejam atitudes também importantes.
Para que alguma coisa faça de fato a diferença, é necessário que as soluções sejam coletivas - tanto na sua formulação quanto na sua implantação. Quando jogamos o peso das saídas sobre os ombros das atitudes conscientes, estamos, na verdade, apenas estimulando soluções individuais, cujo impacto sobre os problemas ambientais são reduzidos.
Claro que este processo combina com o individualismo que marca a nossa época, que tem início no romantismo mas se acentua consideravelmente no final do século passado. Romper com a ênfase no indivíduo é uma aposta para que consigamos "acomodar" os 7 bilhões de seres humanos neste planeta que, ao contrário do que sempre fomos levados a acreditar, não é uma fonte inesgotável de recursos.




quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Oportunidade desperdiçada

Quando se fala em adotar práticas sustentáveis, muitos retrucam que grande parte da dificuldade deste processo reside no fato de estarmos falando, na prática, de mudanças de comportamento. O que implica não apenas em se adotarem novos pontos de vista, mas principalmente no abandono de hábitos muitas vezes arraigados.
Por isso se comenta tanto que a educação ambiental deve começar na infância, para que as crianças já cresçam com a consciência ecológica na veia. Porque reformar o que já está cristalizado, como em geral acontece com os adultos, é realmente muito difícil.
Esta percepção vale tanto para atitudes pessoais quanto para empreendimentos privados e projetos governamentais.
Um grande exemplo disso é a oportunidade desperdiçada com a reforma do Maracanã, como mostra o artigo do jornalista André Trigueiro, que saiu em O Globo e está reproduzido no site Mundo Sustentável.
No artigo, Trigueiro sustenta que o novo Maracanã já nasceu velho, porque não considerou a possibilidade de incorporar a energia solar.
"O projeto do novo Maracanã confirma a exclusão de um item absolutamente importante para que qualquer projeto de engenharia do gênero possa ser chamado de “moderno e sustentável”. Apesar do variado cardápio de estádios de futebol espalhados pelo mundo com aproveitamento energético do sol, a caríssima obra de reconstrução do Maracanã – quase 1 bilhão de reais – ignorou essa possibilidade.

Estranho que isso tenha acontecido num país onde o sol brilha em média 280 dias por ano. Ainda mais estranho que isso tenha acontecido na cidade que sediou a Rio-92, que vai sediar a Rio+20, e que está situada na mesma faixa de exposição solar que Sidney, na Austrália, que se notabilizou por realizar os primeiros Jogos Verdes da História, inteiramente abastecidos de energia solar". 
Leia aqui a íntegra do artigo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Rio+20 é tema de Congresso de Jornalismo Ambiental


Com o objetivo de colaborar para a formação continuada dos profissionais de comunicação ambiental,  pela primeira vez um congresso da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental (RBJA) será gratuito. Com o tema Imprensa e meio ambiente: uma aliança necessária, o  IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (CBJA) acontecerá de 17 a 19 de novembro na Pontifícia Universitária Católica do Rio de Janeiro e está aceitando inscrições neste link.  Os congressos, que são eventos organizados pela RBJA desde 2005, têm intenção de estimular a interação entre todos os que trabalham com pautas socioambientais no Brasil. A ênfase do IV CBJA será a cobertura da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, a ser realizada na capital fluminense em junho de 2012. 

Além desse tema, outros assuntos estão previstos no congresso, como impactos das mudanças climáticas, uso de redes sociais no jornalismo, economia verde e espiritualidade. Haverá ainda um Encontro da Red Latino-Americana de Periodismo Ambiental, que reúne jornalistas que atuam com pautas ambientais e de sustentabilidade em toda a América Latina; I Encontro Nacional de Pesquisadores em Comunicação Ambiental; o I Encontro Nacional da Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia); uma mostra científica sobre Comunicação Ambiental, oficinas e mini-cursos.
De acordo com os organizadores, o IV CBJA será carbono negativo, pois serão plantadas mais árvores que o necessário para a neutralização das emissões de carbono do evento, que ainda adotará práticas ecoeficientes e produtos reciclados.
Uma excelente oportunidade para jornalistas e estudantes de jornalismo e comunicação.


http://cbja-rio2011.com.br/

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Porque a Ação deve vir antes da Comunicação ou Debate no Interseção

Logo mais à noite, participo do debate Publicidade e Responsabilidade Social, dentro da programação do Interseção 12, um evento promovido pela Escola de Comunicação da UFRJ (Veja mais neste link), ao lado de  representantes do Ibase.
A proposta do Interseção é ser um evento "onde mercado e universidade se encontram". O tema deste ano é Publicidade levada ao limite. Uma semana com os desafios de uma década. Muito oportuno que a programação tenha escolhido a responsabilidade social como um dos desafios, e principalmente como o tema que abre a semana. Nos últimos anos, tem crescido o número de marcas que se associam a conceitos verdes, ecológicos, sociais, sem que isto seja questionado ou discutido de forma mais aprofundada.
Um dos pontos que vou levar para o debate é que, em relação à sustentabilidade e à responsabilidade social, a ação deve vir antes da comunicação. Portanto, não basta fazer uma propaganda bonitinha e bem feita, dizendo que a marca tem atributos de responsabilidade social, se na prática a história é bem diferente.
Isso porque toda marca que busca esta associação também fica mais exposta. Em tempos de multiplicidade de interlocutores, em que temos tantas vozes falando simultaneamente - algumas positivamente, outras, não - quando uma empresa se autoproclama socialmente responsável ela deve ficar atenta a todas as suas conexões.
Um exemplo do que acontece quando nem tudo é como a propaganda diz é o caso Dove, produzido pela Unilever.
Em 2007, a Unilever lançou exclusivamente na internet o filme Onslaught (Massacre) que alertava as mães sobre a pressão sofrida pelas filhas com os padrões estéticos, alinhado ao conceito da marca "Real Beleza Dove".

Imediatamente, o Greenpeace criou um filme-protesto, chamado Onslaughter Dove (Dove Massacrador).


Foi o suficiente para levar a Unilever a assumir o compromisso de ter 100% de sua produção de palma oriunda de fontes sustentáveis até 2015.

O que mostra que em se tratando de responsabilidade social, o uso de associações sem um respaldo forte da cadeia produtiva pode virar a mesa contra a marca. Ou, em outras palavras, adotar uma postura responsável não deve ser traduzido apenas por um posicionamento de comunicação. Precisa ser uma atitude estratégica e que de fato leve a mudanças na forma de produção, distribuição e comercialização de produtos e serviços. Se isso é possível realmente já é assunto para outro post. Ou para o debate desta noite. ;)


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Viral de água mineral francesa reúne striptease e marketing social

A empresa de água mineral francesa Contrex lançou recentemente uma campanha publicitária com um apelo sexual e ao mesmo tempo com um viés de marketing social. Algumas bicicletas ergométricas foram colocadas em uma calçada e ligadas a uma parede que continha luzes e eram acesas através da energia criada pelo pedalar das bicicletas. O filme original em francês já foi visto por mais de 5 milhões de pessoas desde que foi postado, há um mês, e circula nas redes sociais, como um viral. 


No texto que postou no YouTube, junto com o filme da ação publicitária, a Contrex diz o seguinte:
 "Todos os anos, as revistas nos anunciam uma nova dieta milagrosa. E, a cada vez, a mesma constatação: a dieta milagrosa não funciona.
Para emagrecer eficazmente e de maneira durável, não existe milagre, é necessário adotar uma dieta equilibrada, beber água e fazer exercício regularmente.
Vontade de desistir? É aqui que entra seu parceiro emagrecedor. Emagrecer sem se forçar, de maneira divertida e lúdica é possível".


Não tenho como afirmar que a proposta inicial da Contrex tenha sido de criar uma ação de marketing social. Mas ainda que seu objetivo final seja somente alavancar as vendas da água mineral, vinculando-a atributos como diversão, alegria, saúde, podemos considerar que há também nesta ação uma proposta de mudança de comportamento, empregando as ferramentas do marketing tradicional. E aqui entra o conceito de marketing social, cunhado por Philip Kotler e Gerald Zaltman em 1971.


Segundo estes dois teóricos do marketing, marketing social é “a criação, implementação e controle de programas calculados para influenciar a aceitação de ideias sociais e envolvendo 
considerações de planejamento, precificação, comunicação e distribuição de produtos e 
pesquisa de marketing”.


Há mundialmente uma preocupação com o aumento da obesidade e da incidência de doenças como diabetes e hipertensão, em muitos casos associadas à alimentação pouco nutritiva e ausência de exercícios.  Ao produzir uma ação publicitária que reúne três pontos importantes no controle do peso e na manutenção da saúde - alimentação balanceada, ingestão de água e prática de exercícios físicos - a Contrex se alinha à esta definição de Kotler e Zaltman, propondo uma mudança de comportamento de forma divertida.


O curioso é que a mesma ação poderia ser empregada para falar de energias alternativas e de incentivo ao uso da bicicleta, numa clara amostra que para tratar de sustentabilidade não é necessário ser um ecochato.


Confira o vídeo aqui e comente!









quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Plágio e sustentabilidade

No meio artístico, plágio rende processos judiciais e envolve questões como censura, indenizações financeiras, retratações, etc. No meio universitário, embora venha crescendo significativamente, nem sempre é fácil identificar quando ocorre, muito menos se vêem as consequências sendo exemplarmente punidas.
Alguns professores defendem que é na graduação que o problema começa, e por isso é neste momento da formação dos jovens profissionais que se deve intensificar o combate e o debate sobre o assunto.
Uma ferramenta para isso pode ser este vídeo, produzido pela Biblioteca da Universidade de Bergen, Noruega, que trata o tema com humor mas ao mesmo tempo com seriedade. A indicação foi do professor Richard Romancini.


Mas o que plágio tem a ver com sustentabilidade? Com responsabilidade social? A meu ver, tudo. Porque ser sustentável, antes de mais nada, é uma mudança de atitude, que implica respeito ao Outro - e neste Outro, podemos incluir todos os seres vivos que nos cercam, em suas mais diferentes formas, a natureza, o espaço, as relações... e, claramente, também a produção alheia.
Ao mesmo tempo, o plágio funciona como um encurtador de URL no Twitter - abrevia o pensamento de quem o pratica. Mas se no Twitter é providencial diminuir um link, para que ele caiba nos 140 caracteres de um tweet, para a produção do conhecimento não funciona. Encurtar o pensamento é um passo para a atrofia. E o pensamento, se não for estimulado, não evolui, não cria o novo, não transforma.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Bradesco é a quarta empresa mais verde do mundo

De acordo com o ranking das empresas mais verdes do planeta, elaborado pela revista norte-americana Newsweek desde 2009, o banco brasileiro Bradesco figura na quarta posição mundial, com um índice verde de 82,2%, conforme os parâmetros estabelecidos pela publicação.
Segundo a Newsweek, os números do Bradesco são os seguintes:
Impacto Ambiental: 88,1%
Gestão Ambiental: 82%
Transparência e Divulgação: 56,3%

Newsweek/Getty Images
Na observação sobre a posição da instituição financeira no ranking, a Newsweek afirma o seguinte: "O banco tem uma área de Gestão de Crédito de Carbono, a qual oferece financiamento para empresas que desejem implantar projetos para reduzir suas emissões de gases do efeito estufa. Entretanto, o programa é tão avançado para o Brasil que não é fortemente utilizado. O banco defende a ecoeficiência, se esforçando para 'criar mais valor com menos impacto ambiental'. O Grupo de Trabalho de Ecoeficiência estabeleceu um Plano Diretor em 2010, com metas para os próximos cinco anos. Nesse mesmo ano, a empresa reciclou mais de 1,9 milhão de toneladas de papel e economizou 15 milhões de boletos de cobrança por causa do sistema de débito direto autorizado. O banco também emitiu mais de 200 mil cartões de PET reciclado desde 2008."

Das 15 empresas mais verdes do mundo, um terço são instituições financeiras. Sem  operações industriais e com cadeias produtivas bem limitadas, bancos e companhias de seguros tendem a apresentar um impacto bem inferior ao de complexos siderúrgicos, mineradoras ou plantas fabris. Tanto que a empresa que está no topo do ranking é uma resseguradora alemã, a Munich Re.

A lista das 15 empresas mais verdes do mundo está aqui e a reportagem começa neste link.

A Newsweek também divulga um ranking das empresas mais verdes dos Estados Unidos, que ocupam apenas duas posições da listagem mundial (com a IBM, no segundo lugar, e a HP, no 15º). Para ler toda a reportagem em torno do Green Rankings 2011 da Newsweek, acesse este link.





quinta-feira, 13 de outubro de 2011

RSC e Wall Street

Olhando as fotos dos protestos nos Estados Unidos, especialmente os de Nova York, não consigo deixar de pensar nas semelhanças deste movimento (?) com o conceito de Responsabilidade Social.

Responsabilidade social é um daqueles conceitos-ônibus, para usar uma expressão do sociólogo Pierre Bourdieu, isto é, um daqueles tipos de conceito para todos, que servem a vários propósitos e se encaixam a diversos usos. Ou um conceito guarda-chuva, que abriga muitos significados, quase todos de acordo com o uso pretendido.

Pois bem, vendo as imagens destes protestos, assistindo as entrevistas e as reportagens - principalmente as feitas pelos repórteres das emissoras brasileiras - a sensação que fico é que cabe de tudo nas manifestações. Talvez por isso não se consiga identificar os líderes e nem a pauta de reivindicações. É quase uma catarse coletiva, em que cada um reclama do que está apertando os seus calos, ainda que exista um foco em cima de Wall Street (Para ler uma avaliação comparativa sobre a relação entre protestos e mídia aqui e nos EUA, clique aqui).


(fotos do blog Gone Walkabout - It's all about the Journey)

É mais ou menos o que ocorre com Responsabilidade Social Corporativa, cujo foco aparentemente é um atenção empresarial em direção ao social, mas que termina assumindo tantos formatos que nem sempre fica fácil definí-la ou até mesmo identificá-la.
Diversas empresas ainda consideram que cumprir suas obrigações trabalhistas e legais é praticar RSC. Outras fazem uma doação anual de cobertores e anunciam aos quatro ventos que estão sendo socialmente responsáveis.
Para terem algum efeito prático e que realmente modifique o status quo, será que basta a manifestação?



terça-feira, 11 de outubro de 2011

Quebrado


Com base no sucesso da série de filmes -  The Story of Bottled Water, (A História da Água Mineral), The Story of Cosmetics (A História dos Cosméticos) e The Story of Electronics (A História dos Eletrônicos), lançados em 2010, o Projeto “The Story of Stuff” (A História dos Objetos), responsável pelo vídeo já visto por mais de 12 milhões de pessoas desde 2007, lança em 8 de novembro The Story of Broke - Why There's Still Plenty of Money to Invest in a Better Future (A História de “Quebrado” – Porque ainda há muito dinheiro para construir um futuro melhor).

Produzido com o apoio de mais de duas dezenas ambientais, cívicas e organizações justiça econômica, The Story of Broke desafia a sabedoria predominante em Washington que a América está quebrada - quase incapaz de pagar as contas, quanto mais investir em uma economia mais sustentável e justa.

Nas palavras dos criadores: “Os Estados Unidos não estão quebrados, nós somos o país mais rico do planeta e um país em que os mais ricos estão excepcionalmente bem. Mas a verdade é que nossa economia está quebrada, produzindo mais poluição, gases de efeito estufa e lixo do que qualquer outro país. Nestes e em tantas outras maneiras, ele simplesmente não está funcionando. Mas ao invés de investir em algo melhor, continuamos a manter esta"economia de dinossauro 'no suporte de vida, com centenas de bilhões de dólares do nosso dinheiro de impostos. The Story of Broke apela a uma mudança nos gastos do governo para investimentos em soluções limpas e verdes – energia renovável, materiais e produtos químicos mais seguros, resíduos zero e mais – que possam gerar empregos e um ambiente mais saudável”.

Enquanto o filme não é publicado, o projeto se encarrega de pedir donativos. Os assinantes do blog do The Story of Stuff receberam, nesta semana, uma newsletter assinada por Annie Leonard, a ativista que criou o projeto, em que são convidados a contribuir para um fundo de produção 2011. “Hoje, estou pedindo a você para investir na comunidade The Story of Stuff. Ajude-nos a atingir milhões com a mensagem de “The Story of Broke”, fazendo hoje uma contribuição para o Projeto. Se você já doou antes, ou nunca contribuiu, se você pode dar $10 ou $100 ou $1000, precisamos de você agora.”

A causa é nobre. Mas não consigo deixar de pensar em oportunidade de mercado, nicho, marketing....